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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ABORTEM ESSA DISCUSSÃO!

Vou dizer algo aqui que provavelmente muitos discordam, mas tenho certeza que muitos também pensam como eu.

A religião está tomando conta das eleições, e isso não é legal.

O interesse dos candidatos é simplesmente agradar o máximo possível de congregações religiosas. Aliás, o máximo não. Somente aos cristãos é importante agradar. E desta forma temos uma campanha mergulhada em uma pobreza monstruosa de propostas concretas e discussões realmente sérias daquilo que deveria ser relevante para a nação.

Me desculpem os religiosos fervorosos (pq sei que não é todo religioso que pensa assim), mas a ignorância manifestada em programasde rádio e televisão chega a ser assustadora. O tal do Silas Malafaia então é um poço sem fundo de ignorância e preconceito!

Discordo quando é dito que a política precisa de valores cristãos. Acredito que a política precisa de valores morais. É muito diferente. A política precisa atender as demandas da população, principalmente a população mais pobre que é historicamente abandonada.

Não sou cristão e acredito que a política de um Estado LAICO como o nosso deve representar a população em sua totalidade, em toda a sua multiplicidade cultural e religiosa. Não vivemos num Estado Teocrático. Acho muito perigoso quando as coisas se misturam.

O vídeo que mostro logo abaixo traz um desses pastores discursando sobre política(?), e pedindo que não votem no PT por alguns motivos no mínimo "estranhos".



Se você teve paciência apra assistir ao vídeo, faço aqui as minhas considerações:

É um vídeo que exemplifica perfeitamente o perigo de se misturar religião com a política. Ele influencia milhares de pessoas que infelizmente não querem ou não conseguem pensar com independência e coerência.

Se alguém quer se divorciar, ela deve ter esse direito. Se uma pessoa não quer se divorciar por causa de suas crenças religiosas, ótimo! Não se divorcie! Mas não pode tirar o direito da outra pessoa que assim deseja. O que a pessoa vive na igreja não necessariamente será vivido na política. As decisões políticas devem sempre ser tomadas com coerência e responsabilidade, de forma coletiva e não de acordo com um grupo. Mesmo não sendo cristão, sou contra o aborto, contra a pedofilia, contra o infanticídio, a violência doméstica ou qualquer outra forma de violência, e tantas outras mazelas de nossa sociedade. Não é preciso ser cristão para isso, é preciso ter valores morais.

O governo do PT teve diversos problemas. Mas também foi o governo que mais atuou pra melhoria do quadro social do nosso país. Teve mais méritos nessa área do que qualquer outro governo desde a redemocratização.

Pro bem do nosso país, o que deve ser levado em conta é a capacidade de minorar as desigualdades e combater a pobreza, a fome, educação e saúde precárias, e além disso tudo ter a transparência e honestidade necessárias.

Pouco me importa se a Dilma ou o Serra são cristãos, ateus, judeus, mulçumanos, umbandista ou seilá o quê! Quero saber se ela ou ele estão preparados pra governar o Brasil, e se tem valores morais para liderar o meu país.

Eu não suporto mais ouvir no rádio ou na TV essa discussão improdutiva, se Fulano ou Siclano é a favor ou conta o aborto! Com tanta coisa mais importante pra discutir!

Ironicamente, a resposta que escutei sobre a questão do aborto que mais me impressionou foi ainda no primeiro turno, da Marina Silva, a candidata rotulada como "A RELIGIOSA". Ela expôs claramente a sua opinião sobre o aborto. Ela é contra! Mas disse que quem tem que decidir é o povo, através de plebiscito, referendo ou qualquer outra forma de consulta popular.

Ótimo! Ela deu a opinião dela, se posicionou sobre o tema, e teve a coerência de deixar claro, que ser contra ou a favor do aborto é uma posição pessoal, e que a decisão cabe ao povo! Foi simples e objetiva, e deu ao tema a importância que merece. Sem ficar preso em um tema que sinceramente, já tomou proporções exageradas!

Os outros podiam seguir o exemplo!

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