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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Apelação pra que lado?


Essa semana um dos assuntos que está sendo discutido por muitas pessoas e que mereceu destaque na mídia, foi o afastamento do comediante Rafinha Bastos da bancada do CQC.

Não sei qual a opinião da maioria das pessoas, mas gostaria de dizer algumas coisas a respeito.

A linha entre a piada e a ofensa realmente é tênue e fácil de ser ultrapassada. É muito fácil o comediante ofender alguém. Meses atrás tivemos um episódio em que o comediante
Ben Ludmer fo agredido ao fazer uma piada sobre gordos com um integrante da platéia. O que quero dizer é que o humor carrega em seu DNA a sátira e a ridicularização, o que muitas vezes leva à ofensa, geralmente para o alvo da piada.

Faço um questionamento: Até que ponto o CQC, que carrega em seu próprio nome uma postura de independência e ousadia, acertou no afastamento do comediante? O nome do programa 'CQC - Custe o Que Custar' nos transmite uma imagem que por muito tempo foi fator preponderante para o sucesso do programa; uma imagem de que independente do preço, manteriam a sua postura ácida e agressiva, que encantou muita gente.

A história que é passada por aí é a de que o emaranhado dos acontecimentos passa pelo fato de o marido da Wanessa Camargo ser sócio do Ronaldo Fenômeno na 9nine, que é agenciadora de vários atletas e influente com vários anunciantes na BAND. A emissora pressionada decidiu afastar o comediante.

O ponto que quero chegar é o seguinte: Será que não rola no Brasil um exagero do politicamente correto? Um patrulhamento moral excessivo que quer tornar tudo certinho e padronizado?

E daí eu faço outra pergunta. Padronizado de acordo com quem? Qual o padrão que deve ser seguido? Quais valores devem ser cultivados? O que é certo ou errado?

Alguns dos maiores comediantes do mundo são marcados pela acidez e agressividade de suas piadas e espetáculos. Isso também faz parte da comédia! Um dos maiores comediantes de stand-up de que tenho notícia é uma figura extremamente ácida e agressiva até, George Carlin.

O ponto que quero chegar é que está tudo muito chato e a patrulha do politicamente correto está em todo lugar, e está tomando conta de tudo! A piada está morrendo, e está ficando tudo menos divertido...

Quando ouço o Rafinha Bastos dizer que comeria a Wanessa Camargo e o bebê que ela espera, eu realmente não acredito que ele fará de verdade aquilo que ele fala! É um momento de piada, infeliz talvez, mas ainda assim uma piada. Quem achar que ele faria realmente aquilo precisa de tratamento... é doente!

Quem se achou ofendido tem todo direito... Ache o comediante um cuzão sem talento e ignore! Esse episódio me pareceu mais um capricho de um plaboy (o marido da Wanessa Camargo) que fez o que fez para mostrar poder pra esposa e pros amigos... A vida seguiria normalmente sem tudo isso, e talvez até melhor... Podem ficar tranquilos! O Rafinha Bastos não vai comer a Wanessa Camargo e muito menos o seu bebê...

Não estou dizendo que as pessoas não possuem o direito de se ofender, pelo contrário! Mas a mobilização em torno da piada (ou ofensa) do Rafinha Bastos me deixou de certa forma assustado. Toda essa onda em cima desse episódio me pareceu muito exagerada. Já vi esse rapaz fazer piada bem pior que essa...

Wanessa Camargo... Tu tá mais chata que a Sandy!


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Saudades...

Estou em um momento nostálgico...

Tenho saudades dos tempos de criança...

Saudades de brincar despreocupado, correr descalço pela rua, jogar bola, tocar a campainha e sair correndo, soltar traques, brincar de finca, pique, de lutinha...

Saudades de não entender dos problemas dos adultos, de não ter conta pra pagar, de não ter um horário rígido...

Saudades de abrir a lancheira e descobrir o que minha mãe havia preparado de lanche, de folhear os livros recém comprados, e antes das aulas começarem já ter lido todas as tirinhas e quadrinhos dos livros de redação e portugês, saudades da expectativa com a compra dos novos materiais escolares...

Saudades das festas de família na casa da minha avó, com todo mundo presente, os primos espalhados, os tios bebendo e contando piadas horrorosas...

Tenho saudades dos tempos que passei com minha vó Lica...

Saudades das histórias que ela contava de Sem-Peixe, dos desenhos que ela fazia junto comigo pra escola, de entregar o jornal pra ela todo dia de manhã, de subir as escadas da casa perguntando se ela estava em casa...

Tenho saudades dos tempos de Arquidiocesano...

Saudades do torneio de futebol do recreio, dos amigos que por lá fiz e que não vejo mais, do bate papo com o Jésus ou o Seu Geraldo, saudades de alguns professores, saudades dos tempos do bosquinho, do palquinho e do parquinho...

Tenho saudades de uma pessoa em especial... Uma pessoa que nem está assim tão longe, entretanto também não posso dizer que esteja assim tão perto... Saudades das boas sensações vividas, dos momentos de felicidade, mesmo que efêmeros... Saudades de desejar bom dia ou boa noite... Saudade de saber como está, de ouvir sobre seus problemas e poder confortá-la, mesmo que minimamente ou por um breve momento! Saudades de tudo que essa pessoa pode proporcionar enfim! Porque essa saudade? Seilá, isso não se explica, apenas sentimos...

Não sei nem porque escrevo isso. Não é do meu feitio dividir esse tipo de coisa, mas seilá...

Quem ler isso talvez pense que com tanta nostalgia eu esteja triste e melancólico. Talvez um pouco. Mas uma idéia me conforta muito. Eu tive a oportunidade de viver momentos maravilhosos... Simples e maravilhosos... E que hoje são dignos de minhas saudades!

terça-feira, 1 de março de 2011


Notícias ruins sempre existiram. Péssimos exemplos permeiam a história da humanidade. Mas a cada dia podemos nos surpreender com algo ou alguém.

As vezes a impressão que tenho é que caminhamos na contramão. Muitas vezes percebo que involuímos ao invés de evoluirmos. Alcançamos conquistas estupendas em diversos campos. A ciência e a tecnologia tiveram no século XX um salto impressionante. Porém toda essa tecnologia não serviu para melhorar o relacionamento humano, as ideias, a organização social e tantos outros aspectos humanos.

Uma cena escandalizou o Brasil inteiro nesses últimos dias. Um "monstrorista" atropelou sem dó nem piedade uma massa de ciclista que vejam só, manifestavam por uma trânsito mais humano! Porca ironia...

Não consigo entender como alguém consegue investir com tanta violência contra pessoas que do alto de suas bicicletas, não teriam condições nem de tentar se defender. A cena é forte, e a primeira reação que temos é de que só pode ser mais uma montagem, dessas que povoam a internet.

Claro que a veracidade do vídeo é evidente. Mas tendemos a duvidar no primeiro instante pelo absurdo que a cena mostra. Eu mesmo vi o vídeo pelo menos uma dezena de vezes. E custei a acreditar que alguém fosse capaz de fazer aquilo.

Muito foi dito sobre esse acontecimento. Foi dito que a organização do movimento Massa Crítica não comunicou as autoridades, em um tom que me pareceu querer aproveitar a tragédia para pregar uma lição de moral, de que a culpa seria dos ciclistas que não avisaram a polícia. Como assim? Toda última sexta-feira de cada mês os ciclistas se reúnem no mesmo local e no mesmo horário. Será que somente as autoridades não sabiam disso? E será que é necessário o aparato policial para poder exercer meu direito de cidadão? Tá certo que é mais prudente comunicar as autoridades, mas daí a ser uma necessidade eu acho que é lamentável.

Foi dito por alguns que esse tipo de manifestação realmente irrita as pessoas e que um dia algo do tipo aconteceria, e que o fato não é justificável, mas explicável. 'Péra lá companheiro!' Quer dizer que um cidadão ou um grupo de cidadãos não pode mais se manifestar publicamente? Se esse cidadão estivesse frente a uma passeata de professores, profissionais da saúde ou pensando em uma realidade próxima desse bandido, uma passeata de bancários reivindicando seus direitos, ele passaria por cima? Sei não...

O que esse bandido fez é emblemático, e esse bosta(não achei termo melhor) representa sim:
  • uma classe sócio-econômica
  • um modelo de comportamento
  • um modelo de pensamento
O que eu vou dizer pode ser interpretado como mero exercício de indignação pueril e de mágoa classista. Mas não é. É apenas a realidade, e que está aí pra todos. Só não vê quem não quer.

Esse inclassificável ser vivo é o tipo de pessoa que por pensar que tudo e todos existem em função dele, representa o que disse no início desse post e que é o modelo de pensamento e comportamento a que me refiria. É o modelo da classe sócio-econômica a qual esse senhor Ricardo Neis pertence.

É alguém que tem acesso a tudo, aos maiores avanços tecnológicos, acesso à informação, formação acadêmica ou ao conhecimento de grandes pensadores. A humanidade já avançou tanto, já estudou tanto e já passou por tantas situações absurdas e violentas que era de se esperar que os humanos aprendessem com a humanidade.

Para fazer aquilo, esse senhor deve ter pensado: "Essa corja de ciclistas atrapalhando o trânsito, eu atrasado pro meu compromisso! Que se dane esses viadinhos, eu de dentro do meu possante carro passo por cima dessa cambada, e livro o mundo de alguns bostinhas! Além do que, nem concordo com o que eles reivindicam!Melhor passar por cima, minha razão é maior que a deles, a a minha pressa vale muito mais que a vida de qualquer um deles"

Tomara que esse caso não fique impune, e que não acabe com um esse assassino pagando algumas cestas básicas e pronto. Alegar legítima defesa? Me poupe de escutar tamanha asneira! O único que estava armado era ele!

Não desejo a ele um final violento, apesar de que no auge da revolta muitos assim desejem. Não acredito na violência como forma de punição à ninguém! Mas espero que esse senhor seja retirado de circulação, pois apresenta sim perigo para a sociedade! Veja o que disse o promotor:

"O histórico do motorista nos dá segurança para afirmar que ele representa um risco para a sociedade. Há registros de multas por dirigir na contramão, sobre a calçada e também casos de agressividade. Além disso, o Ministério Público tem uma posição de atitude. Esse é um caso inusitado, de tentativa de homicídio duplamente qualificado, em que há uma agressão por motivo fútil, com o automóvel, contra pessoas que protestavam justamente pela humanização do trânsito"
Todo o país deve acompanhar o que acontecerá com esse traste. Esse caso não pode ser esquecido jamais, por tudo que ele representa e nos chama à refletir. Justo em um evento pelo trânsito mais humanizado ocorreu essa barbaridade. Devemos parar pra pensar em como a cidade grande interfere em nosso comportamento, em nosso temperamento. Praticar o auto-controle e a gentileza é fundamental!

Pensemos amigos! Do que jeito que a coisa anda, não dá mais!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A VIDA E A MORTE...

Na última semana tive a péssima notícia de que uma antiga colega de trabalho havia falecido. Tão jovem e alegre, aquela figura que trabalhou diretamente comigo uns meses atrás, deixou de existir. Assim mesmo, abruptamente.

Esse tipo de evento mexe muito com qualquer pessoa, e comigo não foi diferente. A fragilidade do ser humano é evidenciada com uma brutalidade sem tamanho. Esfrega-se nas nossas fuças que não somos nada. Uma pessoa tão jovem e saudável tem a sua existência aniquilada em questão de segundos.

Antigamente o pensamento da morte me causava dias e dias de reflexão melancólica e improdutiva. Por não acreditar em religião nenhuma, em deus nenhum, em nenhuma representação do ‘divino’, eu não tinha a palavra de conforto sobre uma existência pós-morte. A morte nesse caso representa pura e simplesmente o fim. Assim mesmo, seco.

Hoje em dia o pensamento sobre a morte ainda causa desconforto. Claro! É o fim, o desconhecido, e acima de qualquer coisa é inevitável. Não podemos fazer nada contra ela. E esse sentimento de impotência é que eu acho que é o pior.

A humanidade ao longo da sua existência aprendeu a modificar praticamente tudo o que precisou. O ambiente é completamente modificado. A tecnologia desenvolvida ao longo de toda a história da humanidade permitiu que criássemos e adaptássemos quase tudo à nossa volta. Mas a morte é intocável. No máximo atrasamos seus planos, mas a vontade de Azrael, o ceifador sinistro é sempre cumprida.

Mudei muito a minha reação à morte. O fim seco e vazio que antes me torturava quando pensava nisso, hoje já não é o que mais me incomoda. E não é porque eu encontrei a palavra de conforto que me faltava, dizendo sobre uma existência pós-morte. É justamente o contrário.

Continuo a não acreditar em um deus ou entidade divina. E acho que a beleza da história está justamente nesse ponto. Não precisamos nos apegar ao conceito de uma existência pós-morte para sermos felizes em vida! Afinal não é o pensamento em deus ou em um plano espiritual que fará a nossa existência melhor. O importante é viver sem se prender a medos irracionais. Só existe morte onde antes havia vida. Sejamos felizes agora!

O crucial então, é VIVER. Não apenas existir, mas viver! No sentido mais amplo que a palavra possa ter. Experimentar, curtir as coisas boas e certas, aprender com as ruins e erradas, sorrir, chorar, correr, trabalhar, estudar, viajar, amar, sofrer, cantar e tudo o mais que a vida pede.

Particularmente, o triste evento da morte da minha amiga Bibiana me fez refletir sobre o fim. É claro que fiquei pensativo! A morte brandiu sua foice gélida próximo a mim. Atingiu uma amiga, e de forma brutal! Mas o que mudou foi a forma de encarar o fato. Fiquei sim muito triste, e por um instante, com o sentimento de que foi cometida certa injustiça, pois a Bibiana ainda tinha um longo caminho a percorrer. Porém não posso deixar de pensar que enquanto viva, ela aproveitou muito bem sua existência. Curtiu cada momento. Vivenciou coisas ótimas e coisas ruins. Foi feliz, alegrou a todos com sua espontaneidade e contribuiu de forma positiva na vida de muitas pessoas. Ela viveu enfim...